Em uma votação expressiva nesta segunda-feira (16.jun.2025), a Câmara dos Deputados aprovou, por 346 votos a 97, o requerimento de urgência para o Projeto de Decreto Legislativo (PDL) 314/2025, que busca revogar o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) decretado pelo governo federal. A decisão representa uma dura derrota para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, evidenciando a resistência do Congresso a medidas de aumento de tributos.
Apesar de a aprovação da urgência não significar a imediata derrubada do decreto presidencial, o placar amplo demonstra a insatisfação de parte significativa da base aliada, incluindo partidos que compõem o governo, como União Brasil, PP, PSD e PDT. Ainda não há data para a votação do mérito do texto, mas o resultado já sinaliza um desafio político para o Planalto.
Desgaste político e pressão econômica
A medida do governo, que elevou temporariamente a alíquota do IOF, foi justificada como necessária para ajustes fiscais, mas enfrentou críticas de economistas e do setor financeiro, que argumentam impactos negativos no crédito e no consumo. A rejeição no Legislativo reflete tanto a oposição de partidos de centro e direita quanto o descontentamento de setores da própria base governista, que temem repercussões eleitorais.
O presidente da Câmara, deputado Hugo Motta (União Brasil-PB), conduziu a sessão sob tensão, já que a decisão coloca em xeque a articulação do governo no Congresso. Aderiram à urgência até mesmo legendas com pastas ministeriais, indicando que a lealdade partidária pode estar sendo sobreposta por estratégias eleitorais e pressões locais.
Próximos passos
Enquanto o governo busca negociar para evitar a derrubada definitiva do decreto, analistas apontam que a derrota na urgência fragiliza a imagem de Haddad, já criticado por setores progressistas e liberais. Se o PDL for aprovado no mérito, o Planalto terá de rever sua política fiscal ou enfrentar um novo embate para reeditar a medida.
O resultado também reacende o debate sobre a governabilidade, mostrando que mesmo com ministérios distribuídos, o Executivo não tem garantia automática de apoio. A votação desta segunda-feira pode ser apenas o primeiro capítulo de uma disputa mais longa entre o Congresso e o Palácio do Planalto.
O IOF é um imposto federal que incide sobre operações de crédito, câmbio e seguros. Seu aumento, ainda que temporário, foi visto como um movimento para compensar perdas em outras áreas, mas a rejeição no Legislativo sugere que a estratégia não encontrou ressonância. Com a economia em ritmo lento, deputados parecem optar por evitar medidas que possam ser interpretadas como onerosas ao eleitorado.
Acompanhe as atualizações sobre o desdobramento desta votação e seus impactos na relação entre o governo e o Congresso.