Enquanto escolas precisam de reformas, postos de saúde carecem de medicamentos e as ruas de Matões seguem esburacadas, a Prefeitura decidiu destinar R$ 1.200.000,00 dos cofres públicos para um único show de Wesley Safadão. O contrato, assinado em 28 de maio de 2025, foi realizado sem licitação sob a justificativa de "inexigibilidade" (processo nº 062/2025), alegando que o artista seria "único" e de "grande porte".
Mas será que esse gasto milionário – equivalente ao custo de 20 ambulâncias ou reforma de 10 escolas – é realmente a prioridade que a população de Matões precisa?
O documento oficial (Contrato nº 233/2025) mostra que:
O valor de R$ 1,2 milhão foi retirado do orçamento da Secretaria Municipal de Cultura (Unidade Orçamentária 0232), sob a rubrica "Realização das Atividades do Matões Fest".
A despesa foi classificada como "Outros Serviços Terceiros Pessoa Jurídica", um termo genérico que não detalha como o dinheiro será aplicado.
O contrato tem vigência de 12 meses, com possibilidade de prorrogação, levantando dúvidas: haverá mais gastos futuros com o evento?
Será que o prefeito de Matões, Nonatinho, também quer ouvir Wesley Safadão chamá-lo de pai, assim como fez com Brandão? 'Brandão, tu não é um governador, tu é um pai', disse Safadão em cima do palco. Será que o prefeito de Matões tem esse desejo?
Ninguém questiona a importância da cultura. O problema é que, em um município com carências urgentes, gastar essa quantia em uma única apresentação – sem discussão pública ou justificativa técnica – é no mínimo irresponsável.
Por que não houve licitação? A inexigibilidade é uma exceção, não regra. Wesley Safadão é realmente o único artista capaz de atender ao evento?
Qual o retorno econômico para Matões? Haverá prestação de contas comprovando que o investimento gerou benefícios (emprego, turismo, arrecadação)?
Por que esse valor não foi usado para projetos culturais permanentes? Ex.: reforma de centros culturais, oficinas para jovens, ou apoio a artistas locais.
A cultura deve ser acessível, não um fardo para os cofres públicos. Se a Prefeitura quisesse realmente impactar a vida da população, poderia ter optado por:
Contratar artistas regionais (movimentando a economia local).
Investir em infraestrutura cultural (como cineclubes ou teatros públicos).
Destinar parte do valor a áreas críticas, como saúde e educação.
O show vai acontecer. Mas depois que o público for embora, as contas continuarão chegando – e quem paga, como sempre, são os moradores de Matões. É hora de cobrar políticas públicas que priorizem o povo, não o espetáculo.