Após mais de seis anos de espera por justiça, os ex-policiais Ronnie Lessa e Élcio Queiroz foram condenados pelo assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes. O julgamento ocorreu no 4º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro e terminou nesta quinta-feira (31), após dois dias de sessões intensas e emocionantes.
Lessa, considerado o autor dos disparos que ceifaram a vida de Marielle e Anderson, foi sentenciado a 78 anos e 9 meses de prisão. Já Élcio Queiroz, responsável por dirigir o veículo utilizado no atentado, recebeu uma pena de 59 anos e 8 meses. Ambos foram considerados culpados pelos crimes de duplo homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio contra Fernanda Chaves, assessora de Marielle que sobreviveu ao ataque, e receptação de um carro clonado.
Os dois réus, que já haviam confessado sua participação no crime, estão presos desde 12 de março de 2019. Durante o julgamento, a dor e a indignação da família de Marielle e dos apoiadores da vereadora foram palpáveis. A luta por justiça mobilizou milhares de pessoas, tornando o caso um marco na luta contra a violência e a impunidade no Brasil.
Apesar das penas significativas, Lessa e Queiroz podem se beneficiar de um acordo de delação premiada, que lhes permitiria cumprir penas reduzidas. Ronnie Lessa deve ficar preso por, no máximo, 18 anos em regime fechado e mais 2 anos em regime semiaberto, enquanto Élcio deverá cumprir cerca de 12 anos. Os prazos começam a ser contados a partir da data de suas prisões, o que significa que, na prática, suas penas podem ser reduzidas em até 5 anos e 7 meses.
O crime aconteceu em 14 de março de 2018, quando Marielle e Anderson foram atacados a tiros enquanto voltavam de um evento na Casa das Pretas, no centro do Rio. Eles foram alvos de 13 disparos, e apenas Fernanda Chaves sobreviveu para contar a história daquela noite trágica.
Investigações apontam que os mandantes do crime podem estar ligados a figuras influentes na política, como os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão, e ao delegado Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do Rio. As acusações de que Barbosa teria obstruído as investigações geram preocupações sobre a integridade do processo e a capacidade do sistema judicial em lidar com a complexidade do caso.
Os condenados foram transferidos de presídios federais de segurança máxima para penitenciárias estaduais, o que levanta questões sobre a segurança e o controle sobre eles. Enquanto isso, a memória de Marielle Franco continua viva, alimentando a luta por justiça e igualdade no Brasil. Com a condenação de Lessa e Queiroz, muitos acreditam que este é apenas o começo de um processo mais amplo que busca responsabilizar todos os envolvidos nesse crime hediondo.
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