Em uma operação que evidencia o combate a crimes de falsificação no setor agrícola, a Polícia Civil de Caxias apreendeu na última sexta-feira (10) uma significativa quantidade de sementes de milho híbrido de alto rendimento falsificadas. A ação, liderada pela Delegacia Regional de Caxias sob o comando do delegado Jair Paiva, interceptou um caminhão proveniente de Graça Aranha (MA) com destino a Caxias, contendo 178 fardos de sementes adulteradas. Tanto o motorista quanto seu ajudante foram levados à delegacia para depoimentos.
Os trabalhos investigativos começaram no dia anterior, quinta-feira (9), quando agentes apreenderam outros 35 fardos do mesmo produto em uma residência no bairro Pampulha. No total, 213 fardos foram recolhidos, cada um pesando 18 kg. As sementes falsificadas estavam sendo comercializadas a valores entre R$ 500 e R$ 600 por unidade, bem abaixo do preço de mercado das sementes originais, que varia de R$ 800 a R$ 900.
De acordo com o delegado Jair Paiva, o uso dessas sementes fraudulentas causaria grandes prejuízos aos agricultores, pois elas são incapazes de germinar. O esquema criminoso envolvia a aquisição de milho destinado à ração animal, que passava por um processo de tingimento com corante vermelho e, em alguns casos, recebia até rejunte de pisos cerâmicos para simular a coloração das sementes legítimas. As embalagens, idênticas às da fabricante alemã original, eram confeccionadas por gráficas, permitindo que o produto falsificado fosse distribuído e vendido como autêntico.
A fraude não é um caso isolado. O esquema foi detectado inicialmente no Rio Grande do Sul em 2024, onde deu origem à Operação Piratas do Agro, uma investigação que se expandiu para estados como São Paulo, Minas Gerais e Bahia. As sementes apreendidas em Caxias eram reproduções ilegais que utilizavam indevidamente o nome e a marca de uma tradicional empresa alemã de sementes, com presença em mais de 70 países.
Ações como essa só são possíveis graças à colaboração entre órgãos. Durante a operação, um representante da fabricante original das sementes esteve presente, fornecendo dados fundamentais para a identificação das falsificações. A Delegacia Regional de Caxias também planeja compartilhar informações com a Polícia Civil do Rio Grande do Sul para aprofundar as investigações e identificar outros participantes da rede criminosa.
As investigações continuam em andamento, com o objetivo de rastrear a origem dos materiais usados na falsificação e identificar os envolvidos na cadeia de distribuição. A Polícia Civil alerta agricultores para que verifiquem a procedência das sementes adquiridas, evitando prejuízos financeiros e produtivos. Ações como essa reforçam a importância de uma agricultura protegida contra crimes que ameaçam a segurança alimentar e a economia local.