Em São Benedito do Rio Preto, no Maranhão, uma investigação revelou o desvio de cerca de R$ 13 milhões de recursos destinados à educação. A verba desviada, que deveria ter sido aplicada na melhoria do sistema educacional local, foi rastreada até contas de familiares do prefeito e da primeira-dama, gerando indignação na população.
A cidade, que possui pouco mais de 18 mil habitantes, ostenta um dos piores índices do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) no país para o ensino fundamental, reflexo das condições precárias enfrentadas pelos estudantes. Entre os problemas, há falta de transporte escolar adequado e manutenção das escolas. Um ônibus em estado crítico é utilizado para transportar alunos, e em algumas localidades, estudantes percorrem até seis quilômetros a pé para chegar às aulas. Em uma das escolas, um buraco no piso, presente há mais de um ano, representa um risco diário para os alunos.
De acordo com registros públicos, desde janeiro de 2023, São Benedito do Rio Preto recebeu R$ 91 milhões do Fundo Nacional de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), verba federal destinada exclusivamente à educação. Conforme estabelecido por lei, 70% desses recursos deveriam ser destinados ao pagamento dos profissionais da educação, enquanto os 30% restantes se destinam a outras despesas educacionais, como manutenção de escolas e transporte escolar. No entanto, documentos indicam que grande parte desse dinheiro foi redirecionada para fins ilegais.
O prefeito Wallas Rocha, que recentemente foi reeleito, e sua esposa, Brenda Gabrielle Nunes da Silva, são alvos de denúncias que circulam amplamente na região. Uma investigação jornalística realizada pelo programa Fantástico, da Rede Globo, acessou extratos bancários do Fundeb do município, que registram transferências para as contas de mais de 1.500 pessoas, incluindo familiares das autoridades locais.
José Antônio de Carvalho Freitas, superintendente da Controladoria-Geral da União (CGU), reiterou que apenas profissionais da educação devidamente registrados no município podem receber recursos do Fundeb. No entanto, conforme a apuração, os fundos foram desviados para 11 parentes do prefeito e da primeira-dama, totalizando mais de R$ 317 mil. Brenda Gabrielle recebeu, sozinha, R$ 58 mil em 15 transações bancárias.
Além disso, três parentes do secretário de educação, Jairo Frazão, receberam R$ 126 mil, e familiares do vereador Irmão Valter, do PSB, foram beneficiados com R$ 112 mil. Segundo as investigações, o esquema utilizava “laranjas” para receber o dinheiro desviado, uma prática que dificulta a rastreabilidade e desvia verbas públicas de suas finalidades.
O caso segue em apuração por diferentes órgãos públicos, incluindo a CGU e o Ministério Público, com o objetivo de responsabilizar os envolvidos e reaver os recursos desviados.
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