Uma revelação recente da Receita Federal trouxe à tona o nome de Felipe Neto, conhecido influenciador digital e defensor da taxação progressiva sobre os ricos. Sua empresa, a Play9, foi beneficiada por uma isenção fiscal que somou R$ 14 milhões, de acordo com dados divulgados sobre o Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse).
O Perse foi criado durante o governo Bolsonaro com o objetivo de socorrer empresas do setor de eventos gravemente afetadas pela pandemia da Covid-19. Embora inicialmente desenhado para ser um suporte temporário, o programa permanece em vigor e vem sendo utilizado por grandes empresas, incluindo aquelas ligadas a influenciadores, mesmo após a recuperação econômica do setor.
A Play9 não foi a única a se beneficiar do programa. A influenciadora Virgínia Fonseca, por exemplo, teria recebido cerca de R$ 4,5 milhões em isenção fiscal. Juntas, as empresas dos dois influenciadores concentram mais de R$ 18 milhões em renúncia de impostos, um valor que, segundo críticos, poderia ser redirecionado para áreas como saúde e educação.
Para muitos, o fato chama atenção, sobretudo devido à postura pública de Felipe Neto em defesa de uma maior taxação sobre os mais ricos e empresas lucrativas. Críticos argumentam que há uma contradição entre o discurso do influenciador e o benefício fiscal recebido por sua empresa.
Impacto Social
Os valores envolvidos não passam despercebidos: os R$ 14 milhões concedidos à Play9 poderiam sustentar, por exemplo:
Esses números levantam o questionamento: a isenção fiscal para empresas já consolidadas no mercado deveria continuar? Para especialistas, o debate sobre a continuidade de programas emergenciais como o Perse é legítimo, mas precisa ser ampliado.
O Contraste com a Taxação de Importados
Outro ponto levantado é o posicionamento de Felipe Neto em relação à taxação de produtos importados, como os vendidos pela plataforma Shein. Recentemente, ele defendeu a taxação de até 92% em compras internacionais, argumentando a favor da justiça fiscal e da proteção ao mercado nacional. Críticos, no entanto, apontam que o próprio influenciador se beneficiou de uma política fiscal que, na prática, gerou renúncia para o governo.
E Agora?
A discussão em torno do caso reacende o debate sobre a equidade no uso de políticas fiscais no Brasil. Enquanto empresas de influenciadores se beneficiam de programas originalmente criados para pequenos empreendedores, cidadãos comuns enfrentam uma carga tributária significativa em suas compras e serviços.
Procurada pela equipe do Caxias Online para comentar, a assessoria de Felipe Neto ainda não se manifestou sobre a utilização do Perse pela Play9.