O delegado da Polícia Federal Valdecy Urquiza, de 43 anos, foi nomeado como o novo secretário-geral da Interpol, um marco histórico para o Brasil. A confirmação ocorreu nesta terça-feira, 5 de novembro, durante a Assembleia Geral da Interpol em Glasgow, Escócia, onde Urquiza foi eleito pelo Comitê Executivo, que representa forças policiais de 196 países.

Natural de São Luís, Maranhão, Urquiza se torna o primeiro brasileiro a ocupar o cargo mais alto da maior organização policial do mundo. A história da Interpol, que completa 100 anos, revela que o posto de secretário-geral sempre foi preenchido por europeus, com exceção de uma vez em que foi ocupado por um americano. Nunca houve um chefe da Interpol oriundo da América do Sul, África, Ásia ou Oceania, e Urquiza busca quebrar essa barreira com sua candidatura inédita, que ele mesmo descreve como um “momento histórico”.

Atualmente vice-presidente da Interpol para as Américas, Urquiza não pode votar em sua própria candidatura devido ao processo eleitoral. Seu mandato inicial será de cinco anos, prorrogável por mais cinco, e ele assumirá em 2025, sucedendo o alemão Jürgen Stock, que ocupou o cargo desde 2014.

A indicação de Urquiza foi feita em junho pelo comitê executivo da entidade, e sua candidatura recebeu forte apoio de figuras relevantes, como o delegado Luciano Leiro, presidente da Associação dos Delegados de PF (ADPF), que destacou a vasta experiência do maranhense em cooperação policial internacional e o compromisso do Brasil com a justiça global.

Em sua campanha, o ministro da Justiça, Flávio Dino, e a Direção-Geral da Polícia Federal têm feito contatos com autoridades de outros países para angariar apoio à candidatura de Urquiza, recebendo respaldo de nações parceiras. Após a apresentação das candidaturas, o Comitê Executivo avalia se os candidatos atendem aos requisitos necessários para o cargo, incluindo experiência na área policial e proficiência em um ou mais idiomas oficiais da Interpol, como inglês, francês, espanhol ou árabe.

Urquiza, que entrou na Polícia Federal em 2007, já ocupou cargos importantes, incluindo chefe da Divisão de Cooperação Policial Internacional e do Escritório Nacional Central da Interpol no Brasil. Sua trajetória também inclui atuações em órgãos internacionais de polícia, como a Europol e a Ameripol, além da Secretaria-Geral da Interpol e da Diretoria de Proteção a Comunidades Vulneráveis.