Cidades Caxias
Lixão de Caxias: A calmaria da chuva esconde uma bomba relógio ambiental
O lixão de Caxias (MA) cresce silenciosamente, com despejo diário de lixo sem controle. Sem fiscalização ou plano emergencial, o problema se repete ano após ano. A chuva apenas adia a volta da fumaça tóxica e do caos ambiental.
25/04/2025 14h39 Atualizada há 1 dia
Por: Redação

Em silêncio, o lixão de Caxias (MA) continua crescendo. Mais de 60 toneladas de lixo são despejadas todos os dias no local, sem qualquer controle, fiscalização ou plano emergencial. O que hoje parece uma “calmaria” por conta do período chuvoso, que impede a queima e a famigerada fumaça tóxica, é apenas uma pausa no caos que se repete ano após ano.

Durante o período chuvoso, como o atual, a queima dos resíduos tende a cessar ou reduzir, o que impede temporariamente a emissão da fumaça que normalmente se espalha pela cidade. No entanto, nos períodos de estiagem, a prática de queima se intensifica, liberando poluentes no ar e afetando diretamente os moradores de bairros vizinhos.

Determinação Judicial e Situação Atual
Uma decisão da Justiça determinou que o município deve construir um aterro sanitário e proibiu o acesso de crianças ao lixão, com o objetivo de protegê-las de riscos físicos, psicológicos e da violação de seus direitos fundamentais. A Justiça também condenou o município a desativar o lixão localizado na área urbana de Caxias e a implantar o aterro sanitário adequado. No entanto, mesmo após a condenação judicial, a prefeitura mantém o lixão em funcionamento na área urbana, e ainda é possível observar a presença de crianças no local, o que evidencia o descumprimento da decisão e representa um desafio contínuo à sua efetivação.

Audiência Pública e Apresentação de Projetos

No dia 19 de abril, foi realizada uma audiência pública no auditório da Prefeitura de Caxias, organizada pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Naturais (SEMA). O objetivo foi apresentar o Estudo de Impacto Ambiental (EPIA) e o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) sobre a implantação do Aterro Sanitário Municipal.

A empresa Quebec Tecnologia e Construções, com sede em Goiânia (GO), foi a vencedora da licitação para realizar a obra. Durante o evento, os estudos técnicos foram apresentados ao público, com explicações sobre as etapas do projeto, impactos previstos e medidas de mitigação. Desde então, no entanto, não houve atualizações públicas sobre o início efetivo das obras.

Silêncio total. Talvez porque, com chuva, não há fumaça — e sem fumaça, ninguém reclama.

A Câmara: Omissão institucionalizada

E onde estão os vereadores? A Câmara de Caxias segue omissa, calada, cúmplice. Nenhuma cobrança ao Executivo, nenhum projeto para conter o avanço do lixo sobre a cidade. Não bastasse a negligência, pasmem: o lixão foi iniciado mesmo com diversos imóveis ao redor, e a situação só piorou com a expansão urbana promovida pelo próprio poder público, com escolas, postos de saúde e conjuntos habitacionais construídos nas redondezas do depósito de lixo.

O que falta para agir?

A cidade vive sob um problema ambiental grave, que se agrava com o tempo. Quando o período seco voltar, a tragédia será reacesa — com mais fogo, mais fumaça, mais doenças e mais vidas expostas ao risco.

Até quando Caxias vai empurrar o problema com a barriga?
Até quando o povo vai respirar aliviado só quando chove?